Nos apegamos ao termo "estação de serviço", mas estamos falando do bom e velho posto de gasolina. Na primeira noite da viagem, ainda no Brasil, passamos a noite em um posto perto de Torres/RS. Depois desse dia, voltamos a dormir em postos somente na Argentina, onde gasolina se fala nafta e posto vira estacion de servicio. Depois de um período em campings, resolvemos ajudar nosso orçamento e passar os próximos três dias pela estrada. Foram 03 noites seguidas em postos totalmente diferentes, onde podemos ter uma noção do que estava por vir.
No primeiro, em Coronel Dorrego, chegamos quando já estava escuro. (Neste dia, o GPS nos enviou por uma rota alternativa em estrada de chão e o resultado foi o primeiro pneu furado da trip.) Depois de nos certificar que era seguro e 24h, compramos um pacote de bolachas sortidas, preparamos nosso café e dormimos como pedra. Na manhã seguinte conhecemos Miguel e Adrian, dois caminhoneiros buena onda que ajudaram o Germano a trocar o estepe pelo pneu remendado e nos presentearam com um mapa. Não temos nenhum problema para trocar pneus (pelo menos o Germano não), mas era um tanto quanto sofrido fazer isso com o macaco original da Kombi. Resolvemos então, que usaríamos o mapa antes do GPS e quando chegássemos em uma cidade grande compraríamos um macaco novo (por aqui se chama críquete).
Consegue encontrar o nosso adesivo aí no meio? |
Seguindo as orientações dos nossos novos amigos, começamos o dia conhecendo a praia de Monte Hermoso e depois seguimos para Rio Colorado, na segunda estação de serviço da nossa estada pela Argentina. Paramos no primeiro posto da cidade, não era 24h, paramos no segundo, eles nos indicaram seguir 300m até o terceiro posto. Nesta estação de serviço, considerada por nós melhor que muitos campings, nós encontramos uma estrutura completa para receber caminhoneiros e viajantes. Banheiros espaçosos com ducha quente por A$10 (R$2,60), tanques para lavar louça/roupa, tomadas com energia para recarregar nossa bateria e mais uma noite tranquila rumo ao sul.
Continuamos nossa viagem até Las Grutas, mais um destino indicado pelo Adrian no primeiro dia, chegamos cedo na cidade, conhecemos as Grutas na beira mar e corremos para o mercado. Foi aqui nosso primeiro contato com o "La Anonima", nome estranho para um mercado, né? Essa é uma rede de supermercados que tem nos ajudado a manter o estoque de comida cheio e por um bom preço. Resolvemos, então, ficar em um posto YPF pela primeira vez. Essa experiência foi um tanto traumática. Seguimos nosso repertório e fomos até a loja de conveniência, perguntamos se ficava 24h aberto (sim), se era seguro (sim), se tinha problema passar a noite (não). Maravilha, só não tinha internet, mas isso não era problema. Fizemos comida e descansamos na parte atrás do posto, no final do dia resolvemos estacionar ao lado, onde ficava mais visível e, no nosso ver, mais seguro. Dormimos tranquilos, acordamos, preparamos o café e veio um frentista avisar que não poderíamos ficar ali. No nosso entendimento, o problema era algo que parecia uma fossa perto e que talvez fosse perigoso (?). A solução foi dar a ré e terminar de tomar o café, quando veio outro frentista e nos expulsou dali, se tratava de uma propriedade privada. Não entendemos nada, subimos no carro e seguimos nossa viagem.
Depois de dois dias em um camping em Puerto Madryn, seguimos para mais uma estação de serviço YPF em Trelew. Desta vez, superamos o trauma anterior e fomos muito bem atendidos (teve até banho). Mas, antes de chegar lá, resolvemos checar um posto da Petrobras na saída da cidade. Ao se aproximar do destino começamos a ouvir um barulho estranho na roda traseira da Kombi. Paramos o carro e resolvemos apelar para o tal do macaco, nada feito, ele realmente queria a aposentadoria. Um caminhoneiro parou para ajudar e nos indicou uma oficina mecânica do outro lado da estrada, fomos até lá com o barulhinho chato falar com o Pepe. Antes de chegar na oficina, Germano (que está quase se tornando mecânico) identificou o problema como sendo "o cabo do freio de mão que se soltou e está pegando na roda". Bingo! Era realmente esse o problema, Pepe apenas nos ajudou colocando algumas abraçadeiras e voltamos ao outro posto (o Petrobras fechava às 23h). Este YPF possui um local especial para viajantes estacionarem e os banhos custavam A$15. Passamos mais uma noite tranquila ao lado de um motorhome argentino. Na manhã seguinte compramos um novo macaco!
Seguindo para Rio Gallegos, ficamos uma noite em Tres Cerros, por lá chegamos tão tarde que mal vimos o posto. Na conveniência estavam todos reunidos para o jogo da Argentina x Brasil, usamos os banheiros, demos um oi para a família e fomos descansar.
Finalmente chegamos a Rio Gallegos e para fechar nossa ida até o sul, passamos mais uma noite em um YPF. E no nosso destino mais longe de casa até certo momento, foi onde conhecemos caminhoneiros que falavam português e conheciam o Brasil. Foi nesta estação de serviço que, depois de completar 5000km, trocamos o óleo da Matilda. O óleo nós trouxemos de casa e o trabalho sujo foi responsabilidade do Germano, que antes de partir teve uma aula com o nosso mecânico. Atrás do posto, havia uma construção que atendia os viajantes e os caminhoneiros com banho, cozinha compartilhada, serviço de lavanderia e lanchonete. Ficamos apenas com o banho por A$15/pessoa.
Nesta última cidade, tomamos a decisão se iríamos ou não seguir até o Ushuaia. Antes de sair de viagem já havíamos riscado a cidade do nosso roteiro, durante o percurso chegamos a cogitar incluir ela novamente, mas no final ficamos com a primeira decisão e de Rio Gallegos seguimos para Puerto Natales no Chile.
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