Depois de cruzar 795km pelo Chile e percorrer parte da Carretera Austral, voltamos para a Argentina e seguimos direto até El Bolsón. Nosso Lonely Planet emprestado dizia que a cidade nos aguardaria com uma cultura hippie forte e feirinhas de artesanato no final de semana, gostamos do que lemos e continuamos a dirigir. Alguns quilômetros antes de chegar no destino, paramos para dar carona e recebemos ainda mais informações sobre o que nos esperava para o final de semana em Bolsón.
O lugar é apaixonante e não é a toa todas as histórias que ouvimos das pessoas que vieram só passar as férias e nunca mais deixaram o local. Tentamos seguir as indicações até um camping e depois de muito rodar, chegamos ao local, mas os preços não batiam e de qualquer forma não tinha nenhuma pessoa para nos atender por lá, voltamos ao centro e encontramos um camping cheio de regalias por um preço ótimo e nos instalamos por lá. O fato é que depois de um tempo de estrada, não nos interessávamos mais tanto assim pela noite confortável que um camping oferece e só ficamos mais se é realmente necessário (mesmo).
Chegamos na sexta-feira e ficamos até domingo pela cidade, no sábado saímos para conhecer o centro e a popular feira, adoramos. Ao redor da praça principal da cidade ficam as barraquinhas dos mais variados tipos de artesanato e de muita comida gostosa. Ao final do passeio fizemos um lanche e nos refrescamos com suco de framboesa natural, afinal, por aqui o sol voltou a rachar e nós percebemos que era verão mesmo.
Lago Puelo |
Cruzamos mais uma vez El Bolsón e seguimos para Bariloche, que fica a 120km dali. Conferimos (pela milésima vez) nosso aplicativo e resolvemos adiar a chegada a cidade grande e passar a noite em um Parque Nacional. Seguimos as coordenadas e as placas pela rodovia e nos instalamos no estacionamento do mirante do Lago Steffen. Não sabemos se é permitido passar a noite por ali, mas nós não tivemos problema. Havia placas de alguns campings no lago, mas não chegamos a conferir.
Estrada para San Carlos de Bariloche |
Nossa passagem por Bariloche tinha um objetivo, trocar um pouco dos reais que levamos junto. Na Argentina não existem casas de câmbios como nos outros países, mas você sempre encontra algum hotel ou agência de turismo que troca dinheiro, infelizmente fora de Buenos Aires ninguém quer saber da nossa moeda. Bariloche, por conta da quantidade de turistas brasileiros, torna o cambio mais fácil, embora a cotação não seja das melhores. Chegamos cedo na rua principal, onde depois de alguns passos começamos a ouvir o coro do "cambio, cambio, cambio". Encontramos a melhor cotação, trocamos o dinheiro, conhecemos o centro da cidade, pegamos alguns mapas, fizemos compras no supermercado e resolvemos ficar em um camping afastado da cidade.
No Camping |
Escolhemos o Camping Ser, na Colonia Suiza, e aproveitamos o dia para fazer comida na churrasqueira, passear pelo bairro (que é lindo) e descansar. Sempre ouvimos falar muito dessa cidade, mas achamos ela é grande demais para nos agradar. Resolvemos não estender nossa estadia por lá e seguimos para San Martin de Los Andes fazendo a Rota dos Sete Lagos.
Matilda na área de Camping Libre da Laguna Espejo |
Deixamos Bariloche e seguimos para Villa La Angostura, adoramos o que vimos da cidade e resolvemos passar a noite nas margens da Laguna Espejo. Neste dia era feriado na Argentina e diversas pessoas resolveram passar o dia e a noite neste camping libre. Foi mais um dia de descanso para colocar a leitura em dia e simplesmente aproveitar.
No outro dia saímos cedo e em menos de 100km chegamos no próximo destino, outro camping libre, desta vez muito maior e deserto. Já era quarta-feira e o Lago Villarino fez parte da paisagem do nosso quintal. Diferente do último, neste local havia muito vento. Paramos no primeiro local nivelado que encontramos e depois de uma caminhada pelas redondezas, mudamos para uma área no início da floresta, protegido do vento e com uma fogueira do lado de fora.
Infelizmente ainda tem gente que visita lugares lindos como este e deixa o lixo todo por lá. Encontramos uma cadeira de acampamento com defeito jogada pelo chão, resolvemos adotar ela e demos um novo uso para suas partes. A lona do acento virou um tapete que colocamos no chão para limpar os pés antes de entrar na Kombi e os ferros do suporte viraram churrasqueira e viajam conosco para todo o lugar que tiver uma fogueira. |
Encontramos algumas trilhas pela floresta, resolvemos segui-las até um riacho que desemboca no lago e passamos o dia rodeados de lebres e toda uma família de bois. Aproveitamos as lenhas de outras fogueiras para fazer fogo para as nossas refeições, além de ajudar contra o frio e aquecer água para o banho.
Foi neste dia que inventamos um sistema de "ducha" para dormir de banho tomado até nos wild campings. Ainda no Chile tentamos nos aventurar com um banho de rio, mas a água é tão fria que se torna quase impossível. Por ali pegamos a água do lago, esquentamos na fogueira e colocamos ela no nosso galãozinho com torneira. Utilizando algumas cordas colocamos ele preso em um galho e quatro litros de água quente foram mais que suficientes para um super banho.
Wild Shower |
Seguimos nossa viagem para o norte e a cidade escolhida foi San Martin de Los Andes, sem dúvidas a escolha perfeita. Ficamos na beira do lago, em um estacionamento gigante usado também por outros motorhomes e vans. A única coisa que incomodou (e muito) foi o vento, a kombi chegava a balançar e diversas ondas de areia passavam pelas janelinhas. Pegamos nossas bicicletas e fugimos do vento, que no centro da cidade quase nem chega. A cidade é muito agradável e todas as praças possuem wifi grátis para informar a família que está tudo bem, não se preocupem. :)
Aproveitamos nossa passagem pela cidade para comprar linha e anzol, quem sabe encontramos algum lago por aí.
Pensamos em ficar mais alguns dias e acompanhar a festa que estava sendo montada na praça, mas preferimos seguir viagem e retornar ao Chile pela última vez. Optamos por fazer a fronteira no passo Mamuil Malal, assim conheceríamos mais um parque nacional antes de sair da Argentina. O caminho até lá é todo lindo e depois de alguns quilômetros você já consegue ver o Vulcão Tromen da estrada, que por sinal é coberta de pó das cinzas.
Fomos surpreendidos com mais um camping libre no Parque e junto com um casal de viajantes do Uruguai passamos nossa noite por lá. Além do vulcão, um dos atrativos do parque é o Lago Tromen. E foi nas margens desse lago que fizemos nosso almoço e passamos a tarde. Germano tentou pescar alguma coisa no lago e nos riachos que corriam na sua beira, mas o dia não estava muito para peixe.
Yakissoba para o almoço! |
Voltamos para o camping e colocamos nosso wild shower mais uma vez em prática, com a água quentinha da fogueira. Ao escurecer o clima começou a mudar e antes de amanhecer a chuva já estava dando as caras, depois de muito tempo. Era a região de Araucanía, no Chile, nos dando as boas vindas.
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